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Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Emilie Rose Cunningham

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Prazer sem limites, n.º 2250 - fevereiro 2017

Título original: Paying the Playboy’s Price

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

Publicado em português em 2010

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9428-0

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

– Está preparada a nossa exigente auditora? O próximo é o teu solteiro.

Juliana Alden bebeu a taça de champanhe como se fosse um carpinteiro a beber uma cerveja de um gole depois de um duro dia de trabalho. Fê-lo com esperança de aplacar as suas dúvidas e de afogar as borboletas que sentia no estômago. Em seguida, entregou a taça a um empregado que passava por ali com uma bandeja e agarrou noutra enquanto arranjava coragem para olhar para Andrea e Holly, as suas duas melhores amigas e cúmplices do que ia fazer naquela noite.

– Nunca me tinha sentido tão exposta em toda a minha vida. Sinto que estou meio despida. Não penso permitir nunca mais que vocês me voltem a vestir. A minha camisa de noite tapa-me mais o corpo do que este vestido – comentou voltando a colocar no seu sítio as alças do vestido e puxando a bainha da saia, que mal lhe tapava as ancas.

A ideia de fugir do bar a correr tornava-se cada vez mais atraente, mas sabia, que se o fizesse, as suas amigas não a perdoariam.

– Tens um corpo maravilhoso e o vermelho fica-te muito bem, portanto pára de queixar-te, Juliana – respondeu Andrea.

Um grupo de mulheres histéricas começou a gritar e a oferecer dinheiro pelo homem que estava a ser leiloado no acto benéfico. Juliana tinha a certeza de que as paredes do Caliber Club nunca tinham visto nada parecido. Aquilo fê-la duvidar dos planos que tinham elaborado enquanto comiam petiscos mexicanos acompanhados por várias margueritas.

Juliana respirou fundo e deu outro gole na taça de champanhe. Como é que se tinha convencido a deixar de ser uma trintona bem comportada? Como é que ela alguma vez seria capaz de licitar pelo solteiro mais cobiçado do leilão daquela noite? Devia ter começado com um acto rebelde de menos envergadura, mas não, tinha escolhido a insurreição total.

Como auditora do banco familiar, tinha sido sempre uma mulher de natureza prudente que trabalhava tal como se esperava dela e que cumpria sempre as normas. Juliana tinha uma vida tranquila e organizada e encarregava-se dos negócios tal como tinha feito a sua mãe antes dela.

No entanto, a súbita pressão para que se casasse pelo bem da empresa tinha-a paralisado e tinha-a feito sentir-se como um objecto nas negociações de fusão do Banco de Investimento Alden e da Banca Wilson e não como um ser humano.

– Não posso acreditar que me tenha deixado convencer a fazer isto – lamentou. – Não sei se estou preparada. Talvez devesse ter escolhido um homem menos…

– Macho? – perguntou Holly sorrindo divertida.

Juliana assentiu.

O solteiro número nove subiu ao palco e Juliana sentiu que o coração lhe ia sair pela boca. As mulheres que estavam à sua volta, normalmente senhoras dignas e discretas, começaram a gritar e a assobiar.

Sem dúvida, se existia um homem sobre a terra capaz de tentar uma mulher e fazê-la arriscar-se e desrespeitar as normas, era aquele.

Notava-se que estava muito contente por ser o centro das atenções, porque sorria animado para as pessoas, batendo palmas e movimentando as ancas ao ritmo da música.

Sabia dançar divinamente.

Juliana sentiu um arrepio a percorrer-lhe a coluna. O rapaz tinha uma camisola preta apertada que lhe marcava o tronco musculado e os seus maravilhosos bíceps e umas calças de ganga gastas e botas de cowboy, algo pouco usual na cidade portuária de Wilmington, situada na Carolina do Norte.

Tendo em conta que os demais homens que tinham subido ao palco naquela noite o tinham feito de fraque, a indumentária informal daquele proprietário de um bar dizia a gritos que aquele homem era um rebelde. Juliana não achava que fosse coincidência que o bar dele se chamasse assim e que fosse isso que tinha escrito também na camisola.

Juliana sentiu a sua pulsação a acelerar. Mal podia ouvir o que estava a dizer a apresentadora. Será que aquela mulher não sabia que uma imagem valia mais do que mil palavras?

Rex Tanner não necessitava de apresentação. Que mulher não ia querer que ele a agarrasse entre os braços ou que a seduzisse com aquele sorriso?

«Sente o poder entre as pernas… um mês de aulas de Harley Davidson e de equitação»– leu Andrea no programa. – Juliana, este é o teu homem, o que te vai ensinar aquilo que tens estado a perder, é exactamente o que necessitas para te esqueceres da ideia louca que a tua mãe te propôs.

Juliana terminou a taça de champanhe.

– Não sei se a ideia da minha mãe é assim tão má. O Wally é um bom homem.

– Mas tu não estás apaixonada por ele e é muito aborrecido – interveio Holly.

– É mais efectivo do que um comprimido para dormir – acrescentou Andrea. Além disso, é muito influenciável e terias de ser tu a tomar as decisões todas.

E então? Os seus pais eram assim e continuavam juntos.

– Eu adoro-vos e agradeço-vos a preocupação, mas, empregando a lógica, o Wally é uma boa escolha. É um homem equilibrado, de carácter fácil e ambicioso, como eu. É o único homem com quem saí que entende o que o meu trabalho exige e as horas que tenho que lhe dedicar. Podemos estar a falar durante horas sem silêncios.

– Sim, de trabalho – respondeu Andrea. – E quando se acabar esse tema de conversa ou, Deus nos livre, quando tu te reformares? Vão falar de créditos e débitos na cama? Conheço-te bem, Juliana, e sei que, quando te comprometes com algo, nunca voltas atrás, é igual que seja no trabalho ou no casamento. Esquece-te da lógica por uma vez. Esta é a última oportunidade que vais ter para te aperceberes que deve haver algo mais do que conveniência numa relação.

A última oportunidade. Aquela frase fez com que Juliana ficasse sem coragem. A última oportunidade antes de dizer «sim, aceito» a Wallace Wilson, filho do proprietário do banco que se queria fundir com Alden. Tratar-se-ia de um casamento de conveniência sem amor.

Juliana sentiu-se incómoda. As suas amigas tinham razão. Wally não era precisamente muito divertido, mas era amável, não era feio e era tenaz. Se se casasse com ele, fariam amor, como seria de esperar, todos os sábados à noite durante cinquenta anos. Por outro lado, a rotina dava ordem à vida e o sexo não era tudo. Sem dúvida, não deveria ser a base de algo tão importante como o casamento. As emoções eram voláteis e imprevisíveis. Ter valores similares e respeitar-se mutuamente era muito mais importante.

Se se casasse com o Wally, com certeza desenvolveriam com o tempo interesses comuns e o amor apareceria mais tarde ou mais cedo…

Não é?

Claro que sim. Se tinha dúvidas, o único que tinha que fazer era olhar para os seus pais. Tinham-se casado há quase quarenta anos para unir as duas famílias de banqueiros e continuavam casados apesar de muitos dos seus amigos se terem divorciado.

Juliana voltou a olhar para a porta e voltou a perguntar-se se deveria ir-se embora antes de se deixar levar pela loucura. Não, tinha feito uma promessa e devia cumpri-la.

– Jurem-me que vocês não vão recuar, que vão comprar um solteiro cada uma esta noite.

Holly e Andrea sorriram com ar angelical e levantaram a mão direita como se estivessem a jurar sobre a Bíblia. Juliana não confiava naqueles sorrisos. Mesmo que as suas amigas não tivessem uma vida tão regrada como a sua, a atitude daquela noite não era própria de nenhuma delas. De certeza que alguma recuperaria a consciência mais tarde ou mais cedo.

Naquele momento, o microfone emitiu um barulho que chamou a atenção de Juliana de novo para o centro do palco. O homem que ocupava aquele lugar era bonito do rabo-de-cavalo até à ponta das botas. Pelo aspecto que tinha, era evidente que não ia necessitar de nenhum manual para dar prazer a uma mulher.

Juliana disse que lhe ia fazer falta algo mais que champanhe para comprar aquele solteiro. Se o fizesse, estaria a desobedecer aos desejos da sua mãe, algo que nunca se tinha atrevido a fazer com medo das repercussões.

No entanto, quando tinha feito trinta anos e a sua mãe lhe tinha falado de casar-se com Wally, Juliana perguntou-se se não haveria algo mais na vida e tinha prometido a Holly e a Andrea que averiguaria a possibilidade antes de aceder ao futuro que a sua mãe tinha planeado para ela.

Ainda assim, tinha dúvidas e perguntava-se se o homem que tinha escolhido não seria demais, pois tratava-se de um homem completamente diferente dos homens com que tinha saído até àquele momento. Oxalá o preço do rebelde excedesse o limite que Andrea, Holly e ela tinham estabelecido. Assim, poderia escolher um mais normal.

«Covarde. Se fizeres isso, o plano não sairá bem», disse para si mesma.

O plano parecia-lhe cada vez mais louco. Juliana tinha decidido quebrar as normas por uma vez na vida e, como não fazia ideia de como fazê-lo, tinha escolhido Rex Tanner, um rebelde chegado do inferno, com a esperança que ele soubesse guiá-la. O plano era colocar-se nas suas mãos durante um mês. Depois de terminado esse tempo, segura de ter provado tudo, poderia casar-se com Wally.

– Vai para casa antes de te meteres em apuros.

Ao ouvir a voz do seu irmão mais velho e apesar de naquele momento a única coisa que queria fazer era sair dali a correr, Juliana levantou o leque que tinha na mão, sinal que licitava pelo homem que estava naquele momento no palco e a quem tinham baptizado de: «Muito bonito para ser verdade».

Andrea e Holly sorriram. Juliana não se atrevia a olhar para o outro extremo da sala, onde estava a sua mãe, uma das organizadoras do evento benéfico.

– Porque haveria de ser um problema ter aulas de equitação durante um mês? Deixa-me em paz, Eric – disse ao seu irmão.

– Não me preocupo com as aulas de equitação, porque tu já sabes montar, mas preocupo-me com as aulas de Harley. Juliana, não tens boa coordenação.

Aquilo doeu-lhe. Sobretudo, porque era verdade. Quando isso acontecia, limitava-se a nadar para não cair quando a sua mente ia directamente para assuntos de trabalho.

– Tenho trinta anos, portanto não me digas o que tenho de fazer.

– Alguém terá de to dizer porque tu e as tuas amigas… devem estar loucas – insistiu Eric olhando de esguelha para as aludidas. – Como é que vos passou pela cabeça comprar homens? Se queres ajudar o acto benéfico, compra o Wallace e não esse…

– Homem jeitoso? – interveio Holly.

Eric olhou para ela com as sobrancelhas franzidas.

– A ideia do leilão de solteiros foi da mãe – sorriu Juliana com aquele sorriso que reservava para os clientes difíceis. – Eu, a Andrea e a Holly estamos simplesmente a ajudar.

– Raios, Juliana, não vais poder com um homem como ele. Vai-se rir de ti e vai-te magoar. Sê inteligente. Compra o Wally. Com ele… estarás a salvo – concluiu tentando arrebatar o leque à sua irmã.

Juliana apressou-se a afastar a mão. A salvo. Aquilo dizia tudo. Durante toda a sua vida nunca arriscou nada, andou sempre à procura de segurança. E de que lhe tinha servido? De muito no trabalho, mas de nada na sua vida pessoal.

Nunca se tinha apaixonado nem nunca tinha desejado um homem com todo o seu corpo e queria averiguar se era capaz de sentir emoções tão intensas. Não queria sofrer, claro que não, mas queria saber se era capaz de ouvir sinos e assobios e de sentir orgasmos estremecedores.

Por uma vez na vida, não queria sentir-se segura. Juliana voltou a olhar para o homem que estava no palco. Aquele homem fazia com que ficasse com a pele arrepiada e que a sua respiração se agitasse, portanto levantou o leque. O seu irmão, tão conservador como ela, não se atreveu a fazer um escândalo nem a tentar impedi-la de licitar.

– Não quero comprar o Wally – declarou. – Aborrece-me a ideia de jantar com ele todos os sábados. Já janto com ele todas as sextas-feiras – lamentou–se. – Que há de mau em divertir-se um pouco? Deverias fazê-lo também de vez em quando.

Assim que disse isso, arrependeu-se. A namorada do seu irmão tinha-o deixado há uns meses e toda a gente soube. Apesar de Juliana achar que o seu coração não tinha sofrido muito, o seu orgulho ainda não o tinha superado. A pior parte era que, dado que ele não tinha conseguido casar-se com ninguém da família Wilson, a sua mãe tinha decidido que competia a Juliana fazê-lo.

– Eric, sei perfeitamente o que estou a fazer, portanto deixa-me em paz – disse levantando o leque de novo.

– Vendido ao número 223 – anunciou a apresentadora no palco.– Querida, pague e passe por aqui para levar o seu prémio.

Juliana sentiu que o estômago lhe dava uma reviravolta. Ao olhar para a sua mãe comprovou que esta olhava para ela, horrorizada. Andrea e Holly aplaudiam e gritavam emocionadas. Juliana sabia perfeitamente que o 223 era o seu número. O rebelde era seu e o certo era que não sabia o que tinha pago por ele, algo completamente inusual numa pessoa que se dedicava profissionalmente a contar dinheiro.

Juliana baixou o braço lentamente, engoliu em seco e fechou os olhos porque o pânico estava a apoderar-se dela. O que menos lhe apetecia no mundo era subir ao palco, mas obrigou-se a inspirar e a sorrir.

– Obrigada por te preocupares comigo, mas acho que deverias estar a preparar-te para subir tu também ao palco, não?

Pela cara que fez, era evidente que Eric não achava graça nenhuma ao facto de a sua mãe o ter inscrito como solteiro para leiloar, mas Juliana disse para si mesma que, naquele momento, o seu irmão não era um problema dela.

Naquele momento, tinha de ocupar-se de outra coisa.

Enquanto o seu irmão murmurava maldições e Andrea e Holly gritavam emocionadas, Juliana levantou-se e aproximou-se da mesa que havia num extremo da sala para entregar o cheque e levantar o seu… engoliu em seco… prémio.

– Juliana Alden, está louca? – gritou a sua mãe aproximando-se também da mesa. – Onde é que arranjou esse vestido tão inapropriado?

Juliana sentiu que as dúvidas se apoderavam de novo dela. Sim, devia ter ficado louca, para ter aceite a sugestão de Andrea, que lhes tinha proposto que celebrassem o trigésimo aniversário de ambas a gastar uma parte dos seus fundos fazendo algo selvagem, louco e completamente egoísta.

Não, não tinha sido fruto da loucura mas do desespero. Sim, estava desesperada por sentir a paixão da qual falavam outras mulheres e queria senti-la com um homem tão sensual como «o Rebelde». Se não o fizesse, seria uma causa perdida e entregar-se-ia a um homem como Wally sem esperar muito mais da vida.

Mesmo que Juliana admirasse a sua mãe profissionalmente, nunca se tinham dado muito bem, portanto não podia confessar-lhe o que lhe tinha feito tomar aquela decisão.

– Mãe, sempre fiz o que você me pediu, mas esta noite… esse homem… é para mim – declarou.

Naquele momento, o seu prémio estava a descer do palco e aproximava-se dela a passos largos. Juliana sentiu um arrepio. Porque se sentia como uma presa encurralada? Decidida a não se deixar intimidar por aquele olhar, colocou-se na postura que a sua mãe lhe tinha ensinado, com o queixo elevado, o peito para fora e bem erguida e rezou para que os joelhos a sustentassem.

Jamais tinha conhecido um homem tão sensual. Quando ele se aproximou, sentiu a pulsação a acelerar.

– E o Wally? – murmurou a sua mãe zangada.

– Vou passar toda a vida com ele, portanto espero que a mãe me deixe desfrutar deste mês – respondeu Juliana.

– Um mês – sublinhou a sua mãe apertando os dentes. – Depois, espero que a menina recupere a compostura. Os Wilson são uma boa família e Wally é um rapaz de educação impecável – lembrou-lhe como se estivesse a falar de um cão de raça. – Pode ter a certeza de que o seu pai não vai achar graça nenhuma a tudo isto.

Juliana sabia que era verdade. Se a sua mãe dissesse ao seu pai que aquilo era errado, o seu pai acharia que era errado. Juliana gostava muito do seu pai, mas sabia que não tinha vontade própria.

– Olá, boneca – disse uma voz masculina por trás dela.

Juliana ignorou a exclamação de surpresa da sua mãe e virou-se para o homem que se tinha aproximado dela. O calor que emanava do seu sorriso e dos seus olhos castanhos deixaram-na sem forças.

– Chamo-me Rex e vou-te ensinar a montar – apresentou-se estendendo a mão.

«Montar o quê? Montar quem?».