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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2010 Robyn Grady

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Outra oportunidade para o amor, n.º 1018 - agosto 2017

Título original: Bargaining for Baby

Publicado originalmente por Silhouette® Books.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Harlequin Desejo e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-9170-301-3

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo Um

Capítulo Dois

Capítulo Três

Capítulo Quatro

Capítulo Cinco

Capítulo Seis

Capítulo Sete

Capítulo Oito

Capítulo Nove

Capítulo Dez

Capítulo Onze

Capítulo Doze

Capítulo Treze

Epílogo

Se gostou deste livro…

Capítulo Um

 

Jack Prescott saiu do quarto do hospital com uma desagradável sensação de atordoamento.

Tinha recebido o telefonema às dez da manhã. Tinha entrado imediatamente no seu bimotor e tinha voado até Sidney com o coração na garganta. Há anos que Dahlia e ele não se falavam e agora já não teria oportunidade para lhe dizer adeus.

Nem para lhe pedir desculpa.

Começou a andar pelo corredor. Picavam-lhe os olhos. O ar cheirava a detergente e a morte. A partir daquele dia era o único sobrevivente dos Prescott e não havia ninguém que culpar excepto ele mesmo.

Nesse momento cruzou-se com um médico que ia tão absorvido na conversa que chocou contra ele sem se aperceber. Jack cambaleou um momento, depois olhou para as mãos e perguntou-se quanto tempo mais aguentaria, e quando assimilaria a verdadeira dimensão daquele pesadelo e maldição de um mundo sem piedade. Dahlia tinha apenas vinte e três anos.

Uma mulher que estava sentada na sala abarrotada atraiu a sua atenção por algum motivo. O cabelo claro caía-lhe pelos ombros. Tinha uma criança ao colo.

Jack esfregou os olhos e voltou a olhar para ela.

Tinha os olhos cheios de lágrimas e também olhava para ele. Jack perguntou-se se se conheciam e, quando a viu esboçar um sorriso de pêsame, sentiu o estômago encolher-se.

Era amiga de Dahlia.

Não tinha a certeza se conseguia falar. Não se sentia com força para lhe agradecer a sua presença nem para lhe dar os pêsames e depois desculpar-se o mais rapidamente possível.

A mulher continuou à espera enquanto segurava a cabeça da criança e Jack percebeu que não podia fugir. Deu um passo, depois outro e finalmente acabou à frente dela.

– És o irmão da Dahlia, não és? – perguntou ela. – És o Jack – tinha as bochechas coradas e manchadas de lágrimas, as unhas mordidas e os olhos…

Os seus olhos eram de um azul intenso.

Jack surpreendeu-se a si mesmo. Há séculos que não reparava nos olhos de uma mulher. Nem sequer tinha a certeza de saber de que cor eram os olhos de Tara. Talvez devesse reparar quando voltasse. Claro que ele não ia ter esse tipo de casamento, pelo menos da sua parte.

Depois da morte da sua mulher há três anos, Tara Anderson tinha passado cada vez mais tempo em Leadeebrook, a exploração de gado de Queensland onde vivia Jack. Tinha demorado a apreciar a companhia de Tara; com certeza porque nos últimos tempos, Jack não gostava muito de falar. Mas pouco a pouco, a Tara e ele tinham-se tornado quase tão amigos como tinham sido ela e a sua mulher.

Até que, na semana passada, Tara tinha-lhe oferecido algo mais.

Jack tinha sido muito claro com ela. Jamais se apaixonaria por outra mulher. Tinha a aliança de casamento pendurada num fio que nunca tirava do pescoço, e a sua mulher descansava junto a ele numa foto que tinha no quarto.

No entanto, Tara tinha-lhe explicado que achava que ele necessitava de uma relação estável, e que ela necessitava de alguém que a ajudasse a dar um rumo à sua propriedade. Aquilo tinha dado que pensar a Jack. Vinte anos antes o seu pai tinha-se visto obrigado a vender metade das suas terras a um vizinho, o tio-avô de Tara. Depois, tinha tentado voltar a comprar a terra, mas Dwight Anderson nunca quis vender.

Depois da morte de Sue, Jack tinha tido a sensação de que a sua vida não tinha sentido. Já não desfrutava de actividades que outrora o tinham apaixonado, como andar a cavalo pelas extensas planícies de Leadeebrook. No entanto, a ideia de cumprir o sonho do seu pai recuperando aquelas terras tinha-o feito albergar uma nova ilusão.

Tara era uma boa pessoa e qualquer homem a acharia atraente. Talvez assim pudessem ajudar-se mutuamente. Mas antes de se casar com ela, tinha de resolver algo.

A raça humana dependia em grande parte do poder do instinto maternal; as mulheres desejavam ter filhos e sem dúvida Tara seria uma mãe estupenda. Mas ele não tinha o menor desejo de ser pai.

Já tinha cometido erros suficientes, alguns deles imperdoáveis. Pensava nisso frequentemente e não apenas quando visitava a pequena campa que havia junto à da sua esposa em Leadeebrook. Nenhum homem poderia suportar que lhe rompessem o coração uma segunda vez. Não pensava tentar o destino engendrando outro filho.

Se Tara queria um casamento de conveniência, teria que renunciar à ideia de ter família. Tinha assentido quando Jack lho tinha explicado, mas o brilho dos seus olhos fazia-o pensar que esperava que algum dia ele mudasse de opinião. Mas isso não aconteceria. Jack estava completamente convencido disso.

Jack tinha o olhar cravado na criança quando a mulher do vestido vermelho voltou a falar.

– A Dahlia e eu éramos amigas – murmurou com voz débil. – Muito boas amigas.

Ele respirou fundo, passou a mão pelo cabelo e tentou ordenar os seus pensamentos.

– O médico disse que o carro que a atropelou, fugiu.

Tinham-na atropelado numa passadeira e morreu poucos minutos depois de entrar no hospital. Jack tinha-lhe tocado na mão, ainda quente, e tinha-se lembrado de quando a tinha ensinado a montar Jasper, o seu primeiro cavalo, e de quando a tinha consolado depois da morte do seu cordeirinho. Quando ela lhe tinha suplicado que a compreendesse… quando mais o tinha necessitado…

– Recuperou a consciência durante um breve momento.

Aquelas palavras apanharam Jack desprevenido. Sentiu tal debilidade nos joelhos que teve que sentar-se, mas rapidamente se arrependeu de tê-lo feito porque isso implicava que queria falar, quando o que queria era tirar as botas, beber um uísque e…

Levantou o olhar e sentiu que a vista se enevoava.

O que lhe esperaria agora? Documentação, a funerária, escolher o caixão?

– Falou comigo antes… antes de se ir embora – a mulher tinha o lábio inferior a tremer. – Chamo-me Madison Tyler – pôs o bebé ao colo e sentou-se ao lado de Jack. – Os meus amigos chamam-me Maddy.

Jack engoliu saliva.

– Disse que recuperou a consciência… que falou consigo.

Mas seguramente não teria sido sobre ele. Dahlia tinha ficado abatida depois da morte dos seus pais. Nem sequer a paciência e o apoio dele e da sua mulher tinham servido para a ajudar. Aquela última noite Dahlia tinha dito aos gritos que não queria ter nada a ver com o seu irmão, nem com as suas estúpidas regras nem com Leadeebrook. Depois tinha ido ao funeral de Sue, mas Jack estava demasiado atordoado para falar com ela. Nos anos seguintes, tinha recebido os seus postais de Natal, mas todos eles tinham chegado sem morada de remetente.

Apertou os punhos com raiva.

Meu Deus, deveria ter deixado de lado o seu orgulho e ter tentado encontrá-la. Devia ter cuidado dela e tê-la levado de volta a casa.

Um movimento do bebé fez com que Jack olhasse para a sua cara e para as suas bochechas gordinhas. Um rosto cheio de saúde e de promessas.

Cheio de vida.

Respirou fundo, pôs-se de pé e tentou recuperar o controlo.

– Poderemos falar no funeral, menina…

– Maddy.

Jack tirou um cartão-de-visita da carteira.

– Se necessitar de qualquer coisa, pode entrar em contacto comigo através deste número.

Ela também se pôs de pé e olhou-o nos olhos.

– Jack, necessito de falar contigo agora – olhou um segundo para o bebé. – Eu não sabia… a Dahlia nunca me tinha falado de ti.

Quando voltou a olhar para ele tinha um olhar suplicante, como se procurasse uma explicação. Parecia amável e estava visivelmente afectada pela morte da sua irmã, mas não importava o que Dahlia lhe tivesse dito, Jack não ia justificar-se perante uma completa desconhecida. Nem perante ninguém.

– A verdade é que tenho de me ir embora.

– Disse-me que te amava muito – disse ela, aproximando-se um pouco mais. – E que te perdoava.

Jack deteve–se em seco depois de deixar o cartão sobre a cadeira. Fechou os olhos com força e tentou concentrar-se. Queria que passasse o tempo. Queria voltar a casa, ao sítio que conhecia, àquilo que não lhe podiam tirar.

O bebé estava a mexer-se, parecia inquieto. Jack sentiu a tentação de olhar para ele, mas por outro lado só desejava tapar os ouvidos e sair a correr. O último que lhe faltava era ouvir o choro de uma criança.

– Aqui não pode fazer nada – disse finalmente. – Devia levar essa criança para casa.

– É isso que estou a tentar fazer – respondeu ela e olhou fixamente para ele.

– Lamento, mas não compreendo.

A mulher limitou-se a morder o lábio inferior, tinha os olhos abertos de par em par. Estava assustada?

Jack observou-a com atenção. Tinha a pele da cor da porcelana, uns traços perfeitos e, apesar de tudo, Jack sentiu uma ligeira excitação.

Estava a tentar dizer-lhe que o filho era seu?

Um tempo depois da morte da sua mulher, muitos amigos seus tinham tentado tirá-lo da sua tristeza, tinham-no convencido a ir vê-los a Sydney e tinha conhecido algumas mulheres do seu círculo social e, ainda que tivesse um muro de aço à volta do seu coração, tinha passado a noite com uma dessas mulheres.

Seria por isso que o rosto daquela mulher lhe parecia familiar?

Olhou de novo para ela.

Não. Ter-se-ia lembrado daqueles lábios.

– Ouça, menina…

– Maddy.

Jack esboçou um sorriso.

– Maddy. Creio que nenhum dos dois está com muito humor para jogos. Seja o que for que me quiser dizer, agradecia que dissesse o mais rápido possível.

Ela não se alterou perante tal brusquidão, pelo contrário, adoptou um ar mais firme.

– Este bebé não é meu filho – disse finalmente. – A Dahlia deixou-o comigo, hoje. É teu sobrinho.

Passaram vários segundos até Jack poder assimilar o significado daquelas palavras, e de repente sentiu-se como se tivesse batido com a cabeça. Pestanejou várias vezes. Devia ter ouvido mal.

– Não… não é possível.

Maddy deixou cair uma lágrima.

– O último desejo da tua irmã foi que vos apresentasse um ao outro. Jack, a Dahlia queria que tu ficasses com o filho dela. Que o levasses contigo para Leadeebrook.

Capítulo Dois

 

Quinze minutos depois, sentada em frente a Jack Prescott, Maddy levou o copo aos lábios, convencida de que nunca tinha visto ninguém tão deprimido.

Nem tão bonito.

Com um olhar cada vez mais escuro, tanto como os seus gestos, mexia o seu café com a colher.

Pelos altifalantes alguém pediu a presença do doutor Grandet na sala dez. Uma idosa que estava sentada numa mesa perto deles sorriu para o bebé antes de comer algo. Junto à caixa, uma enfermeira caiu com um prato; o estrondo ouviu-se em todo o café e no entanto Jack parecia alheio a tudo. O seu olhar parecia estar virado para dentro.

Maddy analisou discretamente o seu rosto de estrela de cinema; a mandíbula marcada, o nariz direito e orgulhoso. Era curioso, mas parecia apaixonado e distante ao mesmo tempo. Percebia nele, sob a sua máscara, uma intensa energia que quase dava medo. Era o tipo de homem que podia enfrentar um incêndio sozinho e evitar que as pessoas que amava sofressem.

A pergunta que devia fazer era: que pessoas amava Jack Prescott? Mal tinha olhado para o bebé, o seu sobrinho órfão que acabava de conhecer. Parecia de pedra, um enigma. Talvez Maddy nunca se chegasse a aperceber do motivo pelo qual Dahlia tinha afastado o seu irmão da sua vida. E se não fosse pelo pequeno Beau, nem queria saber.

Jack deixou a chávena no prato e olhou para o bebé, que tinha voltado a adormecer no carrinho. Tinha sido Jack que tinha sugerido irem tomar um café, mas depois de um silêncio tão prolongado, Maddy já não aguentava mais aquela fria calma. Tinha uma missão, uma promessa que devia cumprir… e um tempo limitado para o fazer.

– A Dahlia era uma mãe magnífica – disse ela. – terminou a licenciatura de Marketing depois de o menino nascer. Agora tinha pedido um ano sabático antes de começar a procurar um bom trabalho – Maddy baixou o olhar enquanto algo se rasgava por dentro. Era o momento de lhe contar. O momento de confessar. – A Dahlia quase não tinha saído de casa desde que o bebé nasceu – continuou. – Eu convenci-a para que fosse ao cabeleireiro, que fizesse a manicura…

Maddy sentiu que o seu estômago se encolhia e que se os seus ombros se afundavam com o peso da culpa.

Se ela não lhe tivesse dado a ideia, se não tivesse marcado hora e praticamente a tivesse tirado de casa, Dahlia continuaria viva. Aquele precioso bebé ainda teria a sua mãe e não teria que depender daquele homem tão frio que parecia empenhado em não lhe dar atenção.

– Hoje faz três meses – acrescentou Maddy, para o caso de lhe interessar, mas Jack continuou concentrado no café.

Maddy pestanejou várias vezes, afastou a chávena e olhou à sua volta. Tinha o estômago às voltas. Não tinha esperado que aquela conversa fosse fácil, mas não podia ter sido pior do que estava a ser. O que é que devia fazer agora? Aquele homem tinha a sensibilidade de uma porta.

– Onde é que está o pai?

Maddy sobressaltou-se ao ouvir aquilo. Era lógico que lho perguntasse, mas não ia gostar nada da resposta.

– A Dahlia foi vítima de uma violação – respondeu em voz baixa. Ouviu-o a amaldiçoar antes de passar uma mão pelo cabelo. – E, antes de perguntares, ela não apresentou denúncia.

Na profundidade dos seus hostis olhos verdes apareceu uma espécie de labareda.

– E porque é que não apresentou? Devia ter apresentado denúncia!

– Agora já não importa.

Infelizmente, como acontecia a muitas outras mulheres na mesma situação, Dahlia não quis enfrentar a frieza de um tribunal. Não conhecia o homem que a tinha atacado e tinha preferido que continuasse a ser assim. A única coisa que queria era recuperar e superar o horror e a dor. Foi então que descobriu que tinha ficado grávida.

Maddy tentou concentrar-se enquanto engolia em seco.

– O importante é que teve um bebé saudável – aquele menino que ela adorava.

Jack observou o bebé e franziu ainda mais a testa.

– Como é que se chama?

– Beaufort James.

Jack Prescott soprou e afastou o olhar.

Maddy conteve-se para não gritar. Aquele homem parecia uma máquina. Obviamente eram circunstâncias muito difíceis; acabava de perder a sua única irmã. Mas, não pensava mostrar emoção alguma que não fosse a raiva?

Maddy sentiu as lágrimas a queimarem-lhe os olhos e teve de apertar a chávena para não perder o controlo das suas emoções. Não podia ficar calada, ninguém sensato o poderia ter feito. Aquela era a conversa mais importante da sua vida; devia cumprir a promessa que tinha feito e ia fazê-lo nem que tivesse que dar uma lição àquele arrogante.

– Este bebé é da tua família – lembrou-lhe com uma atitude firme. – Não queres pegar nele ao colo?

«Promete-me que não vai acontecer nada. Que o bebé estará bem».

Passou-lhe pela cabeça, de repente, um pensamento horrível que fez com que sentisse um arrepio.

– Ou preferes que acabe directamente num centro de acolhimento para menores?

Maddy jamais permitiria que isso acontecesse, em último caso ficaria ela com Beau. A mãe dela morrera quando Maddy tinha só cinco anos e tinha sentido muito a falta de ter alguém que a penteasse ou que a aconchegasse à noite e lhe lesse contos.

O pai de Maddy era um bom homem, mas estava completamente obcecado com o seu negócio até ao ponto de parecer que gostava mais da empresa Tyler Advertising do que da sua única filha. Drew Tyler comandava a empresa com pulso de ferro e entre o seu pessoal não havia lugar para uma «rapariga delicada» como Maddy. Ela não estava de acordo portanto, depois de uma intensa e prolongada discussão, tinha conseguido começar a trabalhar para a empresa.

O seu pai estava há várias semanas inquieto perante a iminência de que a sua filha fechasse o seu primeiro negócio importante sozinha. E, apesar da sua aparente valentia, Maddy também estava nervosa. Mas, independentemente do que acontecesse, ia conseguir as assinaturas de que precisava para fechar o negócio e ia fazê-lo antes da data limite estabelecida. Para o qual faltava um mês.

Ninguém imaginaria quão tímida tinha sido sempre e como tinha lutado por superar as suas inseguranças e adaptar-se ao estilo empresarial do seu pai, a sua determinação e a sua perícia. Era certo que não havia dia em que Drew não reconhecesse de algum modo os esforços da sua filha, mas ainda assim às vezes ela continuava a lamentar não ter podido desfrutar da ternura de uma mãe.

Voltou a olhar para o bebé.

Como é que aquele bebé se iria arranjar?

– Não me lembro de ter dito que não me vá responsabilizar pela criança – murmurou Jack.

– Mas não pareces muito entusiasmado com a ideia – respondeu Maddy e viu que levantava a sobrancelha.

– Não devias mostrar-te tão hostil.

– Nem tu tão seco – replicou ela de novo.

Maddy sentiu que o seu coração se acelerava, mas ele nem sequer mudou de expressão. Limitou-se a olhar para ela fixamente com aqueles olhos tão sensuais, até que lhe provocou um arrepio seguido de uma vaga de calor.

Pestanejou rapidamente e mudou de postura na incómoda cadeira de plástico.

Não era apenas um homem muito atraente, também tinha razão numa coisa. Talvez fosse verdade que estava a demonstrar a mesma emoção que um salmão, mas, efectivamente, o momento requeria calma, não um redemoinho de emoções. Por muito difícil que fosse, Maddy devia controlar-se, pelo bem da criança. Tinha de se controlar em todos os sentidos.

Por isso, largou a chávena e respirou fundo.

– Foi um dia muito duro para os dois – admitiu, – mas, acredita, o único que quero é assegurar-me que o Beau está em boas mãos e que recebe o cuidado que a Dahlia teria desejado para ele – inclinou-se sobre a mesa, esperando que ele se apercebesse que estava a falar com todo o seu coração. – Jack… esta criança precisa de ti.

Quando o viu beber o resto do café, Maddy sentiu uma profunda indignação.

Estava acostumada a lidar com homens poderosos; os sócios do seu pai ou os influentes pais dos rapazes com quem tinha saído na universidade, mas nunca tinha conhecido ninguém que lhe despertasse emoções tão intensas.

Tanto negativas como positivas, por mais vergonha que lhe desse admiti-lo.