sab1021.jpg

 

HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2006 Annie West

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Vingança inocente, n.º 2259 - março 2017

Título original: A Mistress for the Taking

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em português em 2007

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial.

Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença.

As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited.

Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9577-5

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Se gostou deste livro…

Capítulo 1

 

Ronan Carlisle observou a multidão que se juntava na recepção do hotel. Não era possível que uma cobra como Wakefield tivesse tantos amigos.

Sentiu vontade de lhe dar um murro, embora isso só o consolasse temporariamente.

Muito em breve, Wakefield teria o que merecia. Ronan certificar-se-ia de que assim fosse.

Pensou no que ia acontecer. Naquela noite insinuara qual seria o seu próximo passo numa importante operação comercial. Não tinha nenhuma dúvida de que na manhã seguinte, Wakefield estaria impaciente por seguir o exemplo. Seria o momento certo para acabar com ele. Era simples. E preparara-o há muito tempo.

Encolheu os ombros e virou-se para sair dali. No entanto, alguma coisa na colorida e ruidosa sala chamou a sua atenção. Ou melhor, alguém.

Viu-a a entrar e misturar-se com a multidão. Estava sozinha e vestia-se de forma simples para um lugar como aquele, com toda aquela gente vestida de maneira elegante. Parecia uma mulher com um objectivo; reflectia-se nos seus olhos escuros brilhantes e no seu evidente ar de determinação.

A mulher parou para fazer uma pergunta a alguém, depois mudou de rumo e dirigiu-se para onde estava Wakefield.

E Ronan decidiu que ficaria mais um pouco. Algo lhe dizia que aquilo ia tornar-se muito mais interessante.

Marina respirou fundo e continuou em frente. As sensações de medo e triunfo amontoavam-se na sua mente ao mesmo tempo. Sentiu um aperto no coração de maneira reveladora.

«Consegues fazer isto, Marina. Tens de o fazer».

«É a tua última oportunidade».

Precisava de ter muita sorte. Não podia dar-se ao luxo de falhar. Sobretudo quando o seu futuro e o da sua família dependiam disso.

Aproximou-se dele entre a multidão, sentindo-se totalmente deslocada. Reparou como as pessoas olhavam para ela e levantou o queixo com orgulho. Tinha negócios importantes com Charles Wakefield e nada, nem as tácticas de evasão dele nem o seu próprio receio, ia pará-la daquela vez. Anteriormente, o seu guarda-costas despachara-a, dizendo-lhe que ele não podia recebê-la porque estava muito ocupado. Contudo, naquele momento não tinha outra opção senão fazê-lo!

Levantou o olhar e parou à frente de uns olhos azuis que olhavam para ela de tal forma que parecia que atravessavam as suas barreiras e chegavam até ao mais profundo dos seus receios. Ficou com a garganta seca ao observar a cara do homem que sobressaía entre a multidão.

Não o conhecia, mas sabia, já que o vira nos jornais, que não era Wakefield.

O homem tinha uns traços duros e intrigantes. Era mais do que bonito. A sua altura e a largura dos seus ombros denotavam pura masculinidade.

Potente. Vital. A sua presença era imponente. Marina engoliu em seco com força, tentando apagar o calor que estava a invadi-la por dentro.

Mas naquele momento alguém se riu e ela lembrou-se do que a trouxera ali.

Wakefield estava de pé perto das janelas, a sorrir. Tinha o aspecto do que era; um dos homens mais ricos da Austrália.

Aquela era a oportunidade de Marina. Tinha de se concentrar no que fora fazer, em Wakefield. Porém, não se mexeu. Ficou a olhar para ele, mas só conseguia pensar no homem de cabelo preto que estava perto dela. Conseguia sentir que estava a olhar para ela.

Resistiu à tentação de virar a cabeça e olhar para ele novamente. Não podia distrair-se.

Respirando fundo, aproximou-se de Wakefield… O homem que estava a destruir a sua vida. Tinha um sorriso arrepiante, que fez com que ela tremesse com a apreensão que sentiu.

– Senhor Wakefield – disse Marina num tom demasiado estridente, que fez com que todos se virassem para olhar para ela. Corou ao observar que todos se calaram à sua volta.

Ficou tensa ao ver o desprezo que o olhar de Wakefield denotava.

– Sou Marina Lucchesi, senhor Wakefield – disse, esboçando um sorriso forçado e estendendo-lhe a mão.

– Senhora… Lucchesi – disse ele, sorrindo e apertando-lhe a mão. – Bem-vinda à minha pequena festa. Damien! Anota o que tem para dizer.

– Não, senhor Wakefield. Eu não sou uma empregada sua – a sua voz denotou o aborrecimento que sentia, mas não se importou. Ele sabia perfeitamente quem ela era. – Mas estou aqui por causa de um assunto de negócios. Esperava poder marcar uma reunião privada consigo.

– Ah, Damien – Wakefield dirigiu-se para o elegante homem que apareceu ao seu lado. – A senhora Lucchero quer marcar uma reunião.

– Senhor Wakefield, o meu apelido é Lucchesi, Marina Lucchesi – esclareceu, aproximando-se ainda mais dele. Sentiu que a satisfação a invadia quando observou que tinha toda a sua atenção. – Tenho a certeza de que se lembra do apelido. Afinal de contas, conhece o meu irmão, Sebastian.

«Conhece-o o suficiente para lhe tirar tudo o que possui, assim como outras coisas que não são dele», pensou Marina.

– Lamento muito, senhora… Lucchesi, mas não me lembro de quem é. Conheço tanta gente! – olhou à sua volta. – Muito poucos deles têm impacto suficiente para eu me lembrar deles.

Marina ignorou os risinhos disfarçados das pessoas e continuou a observar o seu objectivo.

Sentiu que se enfurecia, com uma ferocidade nova para ela. Estava preparada para que os guarda-costas a expulsassem ou, se tivesse muita sorte, que ele acedesse contrariado a ter uma reunião com ela para falar da situação. Era uma ingénua! Chegara mesmo a acreditar que podia raciocinar com aquele homem e adiar o prazo.

Não esperara aquele desprezo. Pelo menos não de alguém que não ganhava nada em humilhá-la.

– Surpreende-me, senhor Wakefield – disse com a voz dura e trémula. – Tenho a certeza de que se lembra do nome do homem ao qual roubou a empresa.

Naquele momento, os risinhos cessaram e criou-se um tenso silêncio.

– Ou faz isso tão frequentemente que também não se recorda? – continuou ela a dizer, olhando para ele nos olhos, que naquele momento denotavam fúria.

Marina olhou para a sua esquerda ao sentir as pessoas a aproximarem-se e viu novamente os olhos mais surpreendentes que alguma vez vira. Azul índigo, com umas pestanas pretas lindas. De perto, o homem era impressionante. Não era apenas a aura de poder nem a sua altura. Eram as suas feições. Era óbvio por que razão as mulheres se aglomeravam à sua volta.

O homem aproximou-se e murmurou alguma coisa que fez com que as pessoas recuassem. Marina pensou que era um guarda-costas de Wakefield e sentiu-se muito decepcionada.

– Receio, senhora Lucchesi, que esteja totalmente enganada – disse Wakefield, olhando para ela. Ela tremeu. – Não devia fazer tais acusações quando não conhece os factos. Isso é uma calúnia e um erro que pode custar-lhe muito caro.

Marina sentiu o medo a apoderar-se dela. O que mais queria aquele homem? Sangue?

Apercebeu-se vagamente de que o guarda-costas de Wakefield e o seu assistente tinham afastado os curiosos. Ela estava ali de pé, sozinha à frente do homem que destruíra o futuro do seu irmão e o seu.

– Vejo que está a reconsiderar as suas acusações – disse Wakefield, com a satisfação reflectida na expressão que esboçava.

Estava a olhar para ela como um homem que sabia que ganhara a partida. Mas… Que raios! Já não podia tirar-lhe mais nada. Não havia mais nada que lhe pudesse roubar.

– Não – respondeu ela. – Não estou a reconsiderar nada. Ambos sabemos que é verdade. Como chamaria a enganar um inocente para ficar com a sua herança?

Para surpresa de Marina, Wakefield olhou para o homem que estava ao seu lado, franzindo o sobrolho. Perguntou-se se teria problemas em lavar a roupa suja à frente do seu pessoal.

– Senhora Lucchesi – disse Wakefield, esboçando um sorriso. Se não fosse pelos seus olhos, que eram frios como os de um réptil, tê-la-ia enganado. – Obviamente houve um mal-entendido – continuou a dizer. – O seu irmão não lhe contou tudo.

– Portanto admite que conhece Sebastian?

– Agora me lembro. Um rapaz jovem muito… impetuoso. Mas nada inocente.

– E qualifica como uma operação de negócios legítima roubar uma próspera empresa como fez?

Marina observou Wakefield mais uma vez a olhar de esguelha para o homem que estava de pé ao seu lado.

– Vamos, vamos, senhora Lucchesi. Marina, eu não lhe roubei a empresa.

O facto de estar a negá-lo enfureceu Marina. Nunca lutara com ninguém, mas naquele momento, tendo tão perto aquele playboy arrogante, estava prestes a fazê-lo.

– Então diz que é uma prática normal nos negócios – disse ela, que não reconhecia a sua própria voz. – Fazer com que um rapaz de vinte e um anos de idade se embebede tanto que nem saiba o que faz, para depois fazer com que assine os seus documentos.

Durante uns segundos, ninguém disse nada nem se mexeu. Até os dois homens que ladeavam Wakefield ficaram tensos.

– Obviamente, o seu irmão sabia que ficaria desiludida e por isso não lhe contou a verdade toda – disse finalmente Wakefield, quebrando o silêncio como se estivesse a falar com uma criança.

– Isso é mentira! Sei perfeitamente o que aconteceu e…

Marina foi interrompida por uma profunda voz antes de conseguir prosseguir.

– Charles, este não é nem o momento nem o lugar, não te parece? Porque não discutem sobre isto num lugar mais discreto? – perguntou o guarda-costas e, apesar do seu aborrecimento, Marina não conseguiu evitar que o seu corpo respondesse perante aquela voz, que parecia que lhe acariciara a pele.

– E fazer com que esta acusação tão absurda tenha mais credibilidade? Obrigado pela sugestão, mas consigo tratar dos meus próprios negócios – esclareceu Wakefield.

– Da mesma forma como trataste dos da senhora Lucchesi?

Marina ficou a olhar para o homem que se atreveu a interromper o magnata. Não parecia perturbado pelo facto de ter acabado de se intrometer nos assuntos do seu furioso chefe.

Quem quer que fosse aquele tipo, não se acobardava facilmente. Charles Wakefield olhara para ela com desprezo, contudo, não era nada comparado com o ódio que se reflectia no seu olhar quando encarou aquele homem.

– Agradecia que te mantivesses à margem disto, Carlisle. Esta mulher está enganada, mas eu posso esclarecer tudo – disse Wakefield. – Ah, aqui vem o chefe da segurança.

– Não há necessidade – disse Carlisle. – Eu acompanharei a senhora Lucchesi.

Como se ela fosse permiti-lo! Ainda tinha muitas coisas para dizer a Charles Wakefield.

– De maneira nenhuma! Ainda não acabei – indignada, olhou para o homem dos olhos azuis. – Se acha que pode fazer com que eu não conte o que ele fez, está muito enganado.

Devagar, o homem abanou a cabeça e Marina achou ver reflectido nos seus olhos que a entendia. Talvez não gostasse de fazer o seu trabalho, porém, tinha de cumprir o seu dever.

– Não é que não queira que conte – explicou-lhe Carlisle, aproximando-se tanto dela, que ela conseguiu sentir o calor do seu corpo. – Mas aqui não pode ganhar esta partida. Não é nem o momento nem o lugar.

Marina, ao reparar no movimento à sua volta, dirigiu o seu olhar para dois homens de fato que se aproximavam deles. Charles Wakefield falou com aquele que parecia o chefe.

– Seguranças – disse Carlisle, assentindo com a cabeça aos recém-chegados. – Agora tem de escolher. Pode deixar que a tirem daqui à força. Provavelmente irão mantê-la fechada nalguma sala até chegar a polícia para investigar a queixa que Wakefield irá apresentar.

Fez uma pausa, olhando para ela nos olhos.

– Ou pode vir comigo.

Como se pudesse confiar nele! Era um dos homens de Wakefield e, além disso, o seu sexto sentido dizia-lhe que devia ter cuidado com aquele homem; ele queria alguma coisa.

Indignada, Marina virou-se, porém, um homem à sua frente impediu-a de ver alguma coisa.

Carlisle tinha razão; Wakefield iria expulsá-la dali com muito más maneiras. Não permitiria que os seus convidados se perturbassem, ouvindo os detalhes do que ela tinha para contar.

– Posso prometer-lhe que a tirarei daqui preservando a sua dignidade – sussurrou-lhe Carlisle ao ouvido.

Aquelas palavras tentaram-na.

Contudo, tinha de resistir a elas. Talvez aquela fosse a única oportunidade que teria para enfrentar Wakefield e tinha de tentar novamente, sem se importar com as consequências.

Abanou a cabeça e sentiu uma mão a agarrá-la pelo cotovelo. A forma como Carlisle lhe tocou era delicada mas firme. Aproximou-se para falar novamente ao seu ouvido.

– Não significa que esteja a fugir – insistiu ele, como se pudesse ler os seus pensamentos. – Mas precisa de encontrar uma maneira melhor de se aproximar dele.

Carlisle fez uma pausa e Marina, ao sentir a quente respiração dele sobre a pele, sentiu a excitação a percorrer-lhe o corpo.

– A não ser que prefira ser presa – concluiu ele firmemente, mas sem utilizar um tom ameaçador.

Justamente naquele momento alguém a agarrou pelo outro cotovelo com força. Marina olhou para o homem que o fez e viu que a sua cara não reflectia amabilidade. Era inexpressiva. A sua sorte acabara.

Prometera a Seb que trataria de tudo. Contudo, em vez disso, deixara que as suas emoções acabassem com o seu bom-senso. Arruinara a possibilidade de resolver aquele pesadelo.

E, de repente, a fraqueza física contra a qual lutara durante toda a noite voltou e teve de utilizar toda a sua energia para se manter de pé.

O médico avisara-a de que repousasse um pouco, para dar às suas feridas oportunidade de sararem. Naquele momento, apercebeu-se de que ele tinha razão. O tremor das suas pernas avisava-a de que estavam prestes a falhar. E não conseguiria suportar a humilhação de cair aos pés de Wakefield.

Vencida por tudo aquilo, desmoronou-se. Contudo, um braço forte segurou-a imediatamente, fazendo com que o outro guarda-costas a soltasse. Obviamente, Carlisle tinha bastante autoridade.

– Não se incomodem em acompanhar-nos – disse ele. – Eu certificar-me-ei de que a senhora Lucchesi chegue a casa.

A cara de Wakefield reflectiu o aborrecimento que sentia. Ia protestar, mas não o fez.

– Boa noite, Charles. Cavalheiros – Carlisle assentiu afavelmente para o grupo. – Foi uma noite inesperadamente… interessante.

Enquanto saíam da sala, Marina desejou que parecesse que ambos estavam a andar, embora a verdade era que, sem a força do braço dele, ela teria caído ao chão. Respirava com dificuldade, como se acabasse de correr uma maratona e a dor voltara.

– Consegue chegar à porta? – perguntou ele.

– Sim. Consigo chegar à porta.

Marina sentiu que todos olhavam para eles e murmuravam enquanto passavam. No entanto, ao observar os olhares de entusiasmo de muitas mulheres, percebeu que o centro das atenções não era ela, mas ele.

Várias pessoas falaram com ele e ele respondeu-lhes sem parar. Parou apenas quando um homem lhes cortou a passagem. Carlisle apresentou-o a ela, que esboçou um sorriso e lhe estendeu a mão. Falaram um pouco, contudo, a dor que sentia era dilacerante. Recomeçaram a andar, devagar, para a porta.

Quando chegaram ao hall, o relativo silêncio que havia ali foi como uma manta de calor reconfortante. Não havia guarda-costas. Nem polícia. O alívio invadiu-a.

Tropeçou e parou, enquanto respirava fundo, lutando contra a dor que sentia.

– Venha por aqui – disse Carlisle com voz autoritária enquanto a dirigia para um pequeno divã.

– Obrigada. Já estou bem – disse ela, tentando soltar-se.

– Pois não parece – respondeu ele. – Parece que está prestes a desmaiar.

Marina deu-se por vencida na tentativa de afastar o braço dele e olhou para ele nos olhos.

– Bom, sou muito mais forte do que aparento.

Aqueles olhos azuis olharam para ela e ela teve a desconcertante sensação de que ele conseguia ver tudo o que ela tentava tão arduamente ocultar. Desviou o seu olhar.

– Por favor, deixe-me ir embora – pediu e, para sua surpresa, ele soltou-a imediatamente, fazendo com que ela começasse a tremer por não sentir o calor do seu corpo perto do dela. – Obrigada pela sua ajuda. Estou muito agradecida, mas já consigo cuidar de mim.

No entanto, ele não se foi embora. Ficou de pé a olhar para ela, como se estivesse a pensar no que ela lhe pedira.

Depois, não houve tempo para fingir durante mais tempo. Marina deixou-se cair sobre o divã.

sex appeal

Sentiu as suas partes mais femininas a responderem perante a promessa de um homem como aquele. E, naquele momento, o olhar dele era uma promessa. A sua masculinidade e o seu fogo fizeram com que o ar à volta deles deitasse faíscas.

Ela sentiu o coração a acelerar e ficou sem fôlego.

E, de repente, ele mudou a expressão da sua cara, endurecendo-a. Marina pestanejou. Estaria a imaginar coisas ou aquele olhar abrasador fora real?

Ele olhou para ela firmemente e ela sentiu-se culpada, como se ele tivesse conseguido ler os seus loucos pensamentos.

Sim, claro! Como se um homem como ele fosse olhar para ela daquela maneira. Marina Lucchesi, a mulher menos atraente que conhecia. Demasiado alta, demasiado rechonchuda… demasiado franca. Baixou o olhar e observou o copo vazio que tinha nas mãos.

– Marina – disse ele.

Ela olhou para cima, contrariada. Voltou a acontecer-lhe o mesmo; sentiu um arrepio pelo corpo que fez com que tremesse.

– Temos de nos ir embora. Se me permites que te trate por tu… Vou levar-te para casa.

– E porque haveria de aceitar que fizesses isso? – perguntou, ainda sem fôlego.

– Porque sou o homem que pode fazer com que consigas o que queres; a cabeça de Charles Wakefield numa bandeja.