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HarperCollins 200 anos. Desde 1817.

 

Editado por Harlequin Ibérica.

Uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Núñez de Balboa, 56

28001 Madrid

 

© 2007 Melanie Milburne

© 2017 Harlequin Ibérica, uma divisão de HarperCollins Ibérica, S.A.

Casamento forçado, n.º 1063 - maio 2017

Título original: Willingly Bedded, Forcibly Wedded

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

 

Reservados todos os direitos de acordo com a legislação em vigor, incluindo os de reprodução, total ou parcial. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Books S.A.

Esta é uma obra de ficção. Nomes, carateres, lugares e situações são produto da imaginação do autor ou são utilizados ficticiamente, e qualquer semelhança com pessoas, vivas ou mortas, estabelecimentos de negócios (comerciais), feitos ou situações são pura coincidência.

® Harlequin, Sabrina e logótipo Harlequin são marcas registadas propriedades de Harlequin Enterprises Limited.

® e ™ são marcas registadas por Harlequin Enterprises Limited e suas filiais, utilizadas com licença. As marcas em que aparece ® estão registadas na Oficina Española de Patentes y Marcas e noutros países.

Imagem de portada utilizada com a permissão de Harlequin Enterprises Limited. Todos os direitos estão reservados.

 

I.S.B.N.: 978-84-687-9821-9

 

Conversão ebook: MT Color & Diseño, S.L.

Sumário

 

Página de título

Créditos

Sumário

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14

Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

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Capítulo 1

 

– Casar-me? – Jasper Caulfield quase se engasgou ao dizê-lo. – Ficaste louco?

Duncan Brocklehurst olhou para o seu cliente de maneira empática.

– Suponho que é a forma que o teu pai tem de continuar a exercer controlo depois de morrer.

– Quer dizer que não há forma de fugir disso? – perguntou Jasper, franzindo o sobrolho.

– Receio que não, Jasper – respondeu o advogado. – Se quiseres Crickglades, vais ter de cumprir as condições do testamento do velho e depressa. Se não for assim, irá tudo parar ao teu irmão Raymond.

Jasper levantou-se e começou a andar pela sala, agitado.

– Isto é completamente vergonhoso. Pelo amor de Deus, Raymond é um sacerdote! O que vai fazer com um lugar do tamanho de Crickglades?

– Olha, talvez não seja assim tão mau – consolou-o Duncan. – Tudo o que tens de fazer é convencer Hayley Addington a casar-se contigo e viver com ela durante um mês. Então, a herança será tua.

– Hayley Addington? Estás completamente louco? Mesmo que quisesse casar-me por minha vontade, o que definitivamente não quero, ela é uma das últimas mulheres com quem pensaria em estar, até mesmo temporariamente. Além disso, ela odeia-me.

– O que talvez seja a razão pela qual Gerald redigiu assim o seu testamento – indicou Duncan. – É uma cláusula muito estranha.

– Estranha? – Jasper soprou, incrédulo. – É completamente ridículo, isso é o que é. Quem demónios se casa por um mês?

– Sei que não é frequente, mas se eu fosse a ti, pensaria nisso muito seriamente – declarou Duncan. – Este é o sonho de qualquer promotor imobiliário. A terra vale uma fortuna e de certeza que vale a pena o sacrifício de estar casado durante um curto espaço de tempo, não te parece?

Jasper respirou fundo enquanto voltava a sentar-se. Ele tinha as suas próprias razões para querer Crickglades e ia certificar-se de que conseguia o que queria. Acariciou o seu cabelo preto antes de olhar para o documento que havia na secretária como se fosse algo venenoso.

– E como vou convencer Hayley a casar-se comigo?

– És muito engraçado – replicou Duncan, rindo-se. – Porque não usas um pouco desse encanto pelo qual és tão conhecido? Se o que dizem na imprensa é verdade, tens uma fila de mulheres que te adoram atrás de ti.

– Sim, bom, vai custar muito mais do que um pouco de encanto da minha parte para convencer Hayley a casar-se comigo. De qualquer forma, o que é que ela ganha com o acordo? Eu pensava que ela o tinha convencido a deixar-lhe tudo. Será que o velho mudou de ideias no último momento?

– O seu anterior testamento era bastante simples, mas fez um novo dias antes de morrer – Duncan olhou para os documentos que tinha à sua frente. – Desta vez, ela obtém uma soma enorme de dinheiro, mas só se se casar e viver contigo durante o mês estipulado.

– Quanto dinheiro?

Quando Duncan disse a quantia, Jasper ficou impressionado.

– Tanto?

– Sim. Um bom incentivo, se me perguntares.

– Não importa o incentivo que o meu pai tenha estabelecido. Ela nunca acederá a casar-se comigo – declarou Jasper, franzindo o sobrolho. – Em que é que o velho estava a pensar?

– Não sei, mas o teu pai insistiu que não devia haver intercâmbio de dinheiro entre vocês. Não podes pagar a Hayley para ser a tua esposa. Como também não pode haver nenhum acordo pré-nupcial.

– O quê? – Jasper estava impressionado.

Duncan mostrou-lhe o documento por cima da secretária.

– Está aí tudo. Não pode haver acordo pré-nupcial.

– Isso é um suicídio financeiro! – exclamou Jasper, encolerizado. – Isto é uma loucura, sobretudo se tiver em conta o que aconteceu ao meu pai quando a mãe de Hayley, Eva, que é uma prostituta, lhe tirou metade dos seus bens. Vá lá, de certeza que há alguma maneira de sair desta, não há?

– Lamento muito, Jasper. O teu pai deixou isto tão bem feito que seria preciso um milagre para poder fazer as coisas de maneira diferente. Não há outra opção senão cumprir com as condições do testamento. Faz com que Hayley Addington se case contigo e depois reza para que não continue a odiar-te quando finalizar o mês e para que não te deixe sem um tostão.

– Ela conhece os pormenores do testamento?

– Ontem estive com ela.

– E?

– Tens um grande desafio pela frente, Jasper – afirmou Duncan. – Ela não só te odeia, como também está noiva de outro homem.

– Está noiva? – Jasper sentiu-se como se alguém o tivesse apunhalado.

Duncan assentiu.

– Deves despachar-te, já que planeia casar-se no mês que vem.

Jasper praguejou.

– Mencionou que não foste ao funeral – comentou Duncan.

– Não consegui regressar a tempo – respondeu, impassível. – Tinha negócios no estrangeiro.

– Tenho de dizer que Hayley não estava muito contente com isso – prosseguiu Duncan. – Ela tinha a impressão de que estavas nas Caraíbas com Collette ou Claudia, ou como quer que se chame a tua actual namorada.

– Chama-se Candice e já não é a minha namorada.

– Então, melhor – replicou Duncan. – Quando foi a última vez que viste Hayley?

– Acho que foi há alguns anos numa das festas que o meu pai organizou no jardim para angariar fundos para a paróquia de Raymond – respondeu Jasper, tremendo ao recordá-lo. – Fiz um comentário sobre o conjunto de roupa que vestia e ela atirou-me uma bebida à cara. Destruiu-me uma camisa de marca que tinha estreado naquele dia.

– Encantador.

– Sim, Hayley é assim. Mas é uma pena que o meu pai não tenha percebido como é incompreensível. As pessoas pensam que ele devia ter aprendido depois da experiência com a mãe dela, mas não… ele pensava que Hayley era diferente. Pensava que o sol brilhava nos seus olhos azuis esverdeados. Meu Deus, costumava ficar doente com a maneira como ele a elogiava a toda a hora.

– Nunca se sabe, talvez tenha mudado – sugeriu Duncan. – Quando a vi ontem, pareceu-me uma pessoa normal. Na verdade, pensei que era bastante doce.

– Só estiveste um instante com ela e eu tenho de estar um mês inteiro.

– Isso se conseguires convencê-la a casar-se contigo e não com Myles Lederman.

– Myles Lederman, eh? O meu irmão Raymond tem razão – replicou Jasper, sorrindo. – Afinal de contas, deve haver algo bom.

– Conheces esse tal Lederman? – perguntou Duncan.

– Os nossos caminhos cruzaram-se algumas vezes.

– Sim, bom… ainda acho que vai ser difícil, mesmo que tenhas alguns contactos convenientes.

Jasper levantou-se e, quando chegou à porta, dirigiu um olhar cheio de determinação ao advogado.

– Se tiver de arrastar Hayley para o altar a gritar e a espernear, fá-lo-ei. Simplesmente, observa-me.

 

 

– O teu próximo cliente está aqui – informou Lucy a Hayley da porta.

– Obrigada, Lucy. Sairei daqui a pouco para a receber.

– Hum… – Lucy pigarreou. – Não é ela. É ele. E é muito bonito.

Hayley virou-se, franzindo o sobrolho.

– Mas a senhora Fairbright vem sempre a esta hora para lhe pintar as sobrancelhas. Cancelou no último minuto?

– Deve tê-lo feito – replicou Lucy. – De qualquer forma, não acho que fiques decepcionada com quem veio em vez dela. Meu Deus, desejaria poder depilar-lhe o peito ou qualquer coisa que queira.

– O que é que quer?

– Não sei. Não vi o livro de marcações. Simplesmente, disse que tinha uma hora marcada contigo às três. Foi bastante directo sobre isso.

– Então, se é a mim que quer, ter-me-á – disse Hayley com orgulho. – O Bayside Best for Beauty funciona assim. Damos aos nossos clientes, tanto a homens como a mulheres, uma experiência terapêutica memorável em beleza.

Hayley arranjou o seu uniforme cor-de-rosa e branco e esboçou um sorriso brilhante enquanto saía para a recepção.

– Tu! – gritou ao vê-lo, chocada.

– Eu também fico contente por te ver, Hayley – gozou Jasper, arrastando as palavras. – Como estão as coisas?

– Sai do meu salão de beleza! Agora! – ordenou, dando um pontapé no chão.

– O teu salão, eh? – perguntou ele, assobiando e olhando em seu redor. – É uma pena que não vás ser capaz de o conservar!

– O que disseste? – perguntou ela, franzindo o sobrolho.

– Acabei de comprar uma propriedade neste bloco. Era uma bagatela.

– E então? – Hayley estava muito alterada.

– Então… – começou a dizer ele, – desde hoje sou o teu novo senhorio.

– Mas… mas isso é impossível! – exclamou Hayley, que ficou com a boca aberta.

– Os trâmites legais finalizaram esta manhã – explicou Jasper, com os olhos brilhantes de satisfação. – Por isso estou aqui.

Naquele momento, a porta principal abriu-se e entrou uma cliente. Hayley olhou para a senhora e sorriu, dizendo que Lucy a atenderia.

– Não podemos discutir isto aqui – replicou, num tom de voz baixo. – Será melhor irmos para o meu escritório.

Enquanto se dirigiam para lá, Hayley sentiu um nó no estômago. Cada vez que via Jasper Caulfield sentia que o aborrecimento se apoderava dela. Não o vi há três anos e nada mudara… Ainda continuava a odiá-lo profundamente.

Quando chegaram ao seu escritório, sentou-se atrás da sua secretária. Ele sentou-se à frente dela.

– Suponho que vais cobrar-me uma renda escandalosa ou algo parecido – queixou-se, ressentida.

– Isso depende – respondeu ele, analisando-a com o olhar.

– Do quê?

– Da tua cooperação.

– Porque não vais directo ao assunto? – perguntou ela. – Se estás aqui para tentar intimidar-me, podes ir-te embora agora mesmo. Não funcionará.

– Na verdade, estou aqui por outro assunto.

– Oh? – Hayley olhou para ele de maneira desdenhosa. – Portanto, afinal de contas, queres um tratamento facial de luxo, não é assim?

– Quero que sejas a minha esposa.

– O quê? – perguntou ela, chocada.

– Quero que te cases comigo – repetiu ele, sem desviar o olhar.

– Deves estar a brincar.

– Não estou.

Hayley levantou-se e encostou a cadeira na secretária.

– Como te atreves a vir aqui para me fazer perder tempo? – gritou. – Já disse ontem ao advogado de Gerald que não me casaria contigo, mesmo que fosses o último homem à face da terra.

– Não me digas que tenho de me desfazer de todos os outros homens da terra para ver se estás realmente a dizer a verdade – comentou, friamente.

– Vai-te embora! – gritou ela, apontando para a porta. Estava furiosa.

Ele chegou-se para trás na cadeira e cruzou uma perna sobre a outra.

– Expulsa-me tu.

Hayley estava encolerizada. Viu nos olhos dele que estava a desafiá-la. O seu coração acelerou e tremeram-lhe as pernas. Estar na presença de Jasper Caulfield tinha sempre aquele efeito sobre ela.

– Vou pedir-te mais uma vez para te ires embora e, se não o fizeres, vou chamar a polícia – ameaçou, tentando fazer com que o seu tom de voz parecesse firme.

Jasper levantou-se e aproximou-se dela. Hayley chegou-se para trás, mas o seu escritório era demasiado pequeno para isso fazer «diferença.

– A… afasta-te de mim! – ordenou, sem ser completamente capaz de disfarçar como estava desesperada.

– De que tens medo, Hayley? – perguntou ele, aproximando-se ainda mais dela. – Tens medo de que te dê um beijo, como me pediste há tantos anos?

Corada, Hayley cerrou os dentes ao recordar a única vez em que perdera o seu autocontrolo.

– Não te atreverias.

– Oh, claro que sim – replicou ele suavemente, segurando numa madeixa do cabelo escuro e encaracolado dela e brincando com ela.

Hayley engoliu em seco ao sentir um arrepio. Sentiu um nó no estômago quando ele se aproximou dela que quase tocou no seu peito. Estava muito envergonhada com a maneira como o seu corpo respondia à proximidade dele. Conseguia sentir como os seus mamilos se excitavam e como um desejo traiçoeiro se apoderava dela.

– Não estás a… esquecer-te de algo? – perguntou, com falta de ar. – Já estou noiva.

– Cancela-o.

– Não, não vou cancelar o meu noivado!

– Ele está a ter uma aventura com outra, sabes.

– Isso é mentira, uma calúnia!

– Tenho provas.

– Não acredito – declarou ela. Mas os pensamentos constantes que estivera a tentar afastar da sua mente durante os últimos dias começaram a assaltá-la novamente.

– Tenho fotografias, no caso de quereres vê-las. Ela chama-se Serena Wiltshire. É uma loira alta e com grandes seios. E um sorriso delicioso.

Hayley sentiu vontade de vomitar e perguntou-se como Myles podia ter-lhe feito aquilo. Dissera-lhe que a amava e prometera-lhe uma casa e filhos. Uma família. Segurança.

E ela amava-o…

– Então, Hayley? – perguntou Jasper. – Apetece-te ser a minha esposa durante um mês?

– Não consigo imaginar nada pior.

– E se te tirar o salão de beleza? Não achas que isso seria muito pior?

– Não o far…

Jasper não a deixou acabar, pois pôs o dedo indicador sobre os seus lábios suaves.

– Oh, fá-lo-ia. Simplesmente, tens de me observar, querida.

Hayley tentou conter o seu pânico. Estava a pagar a renda com muita dificuldade e se ele decidisse cobrar-lhe uma soma exagerada de dinheiro teria problemas para pagar.

– Se pensares bem, Hayley, esta é uma oportunidade perfeita para te vingares do teu noivo mentiroso – redarguiu Jasper, tirando-lhe o dedo da boca. – Diz a Lederman que te apaixonaste por mim. Afectá-lo-á muito se me escolheres a mim em vez dele.

– Ninguém acreditaria se dissesse que me apaixonei por ti – replicou com desprezo, embora ainda lhe tremessem os lábios. – Pensariam que ia casar-me contigo pelo teu dinheiro.

– Suponho que ambos teremos de rever as nossas habilidades interpretativas – replicou ele. – Tu também não és a mulher dos meus sonhos. Não diria que és a última mulher com quem teria uma relação nem nada disso, mas estás numa posição muito baixa nessa lista.

– Estou a ver que chumbaste no exame da escola onde ensinam a ser encantador.

Jasper riu-se e afastou-se dela. Aproximou-se da secretária e pegou numa fotografia do seu pai que ela tirara dias antes da morte dele. Ficou a olhar para ela durante um bom bocado antes de voltar a pô-la no seu lugar. Quando se virou para olhar para Hayley, a sua cara não reflectia nenhuma emoção.

– Telefonar-te-ei daqui a alguns dias – afirmou ele. – Enquanto isso, não faças nada que eu não fizesse.

– Isso deixa as possibilidades abertas. Parece-me que há muito pouco que tu não farias para levares a tua avante.

– Eu também te amo, Hayley – gozou Jasper, lançando-lhe um beijo.

Quando a porta se fechou atrás dele, ela sentiu um leve calafrio de apreensão. Sempre houvera algo perigoso naquele homem. Nunca se sentira segura ao seu lado.

Não ia casar-se com ele de maneira nenhuma. Nem sequer ia pensar nisso.

Não se atrevia a fazê-lo…