Editados por HARLEQUIN IBÉRICA, S.A.

© 2011 Abby Green. Todos os direitos reservados.

OS SEGREDOS DO OÁSIS, N.º 1366 - Fevereiro 2012

Título original: Secrets of the Oasis

Publicado originalmente por Mills & Boon®, Ltd., Londres.

Publicado em portugués em 2012

Todos os direitos, incluindo os de reprodução total ou parcial, são reservados. Esta edição foi publicada com a autorização de Harlequin Enterprises II BV.

Todas as personagens deste livro são fictícias. Qualquer semelhança com alguma pessoa, viva ou morta, é pura coincidência.

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I.S.B.N.: 978-84-9010-676-1

Editor responsável: Luis Pugni

ePub: Publidisa

PRÓLOGO

Uma menina estava à frente da sepultura, sozinha. O seu rosto estava muito pálido, tinha uns olhos azuis enormes e que brilhavam com as lágrimas que não derramara, o seu cabelo era uma cascata escura e brilhante que lhe chegava à cintura. Um rapaz moreno, bonito, Salman, afastou-se do grupo e aproximou-se dela para lhe dar a mão.

Olhou para ela, muito sério. Demasiado sério para um menino de doze anos.

– Não chores, Jamilah, agora tens de ser forte.

Ela limitou-se a olhar para ele. Os pais dele também tinham morrido no mesmo acidente aéreo que os dela. Se ele conseguia ser forte, ela também conseguiria. Conteve as lágrimas e assentiu brevemente, uma vez, e nem sequer desviou o olhar do rapaz quando este olhou para o local onde tinham acabado de enterrar os seus próprios pais. As suas mãos mantiveram-se unidas.

CAPÍTULO 1

Há seis anos, Paris.

Jamilah Moreau teve de fazer um esforço para não começar aos saltos ao ver a torre Eiffel ao longe. Fez uma careta. Sabia que era típico, mas estava em Paris, na primavera e estava apaixonada. Desejou atirar os sacos ao ar, rir à gargalhada e levantar o rosto para as flores das árvores.

Tinha vontade de abraçar toda a gente. Lutou contra um sorriso irreprimível. Sempre pensara que as pessoas exageravam quando diziam que Paris é uma cidade romântica, mas, naquele momento, sabia porquê. Era preciso estar apaixonado para perceber. Não era de estranhar que o seu pai, francês, e a sua mãe, originária de Merkazad, se tivessem apaixonado ali.

Não se apercebia dos olhares que o seu cabelo escuro, a sua tez azeitona e os seus olhos azuis e brilhantes atraíam, tanto de homens como de mulheres que passavam ao seu lado. O seu coração estava tão acelerado e estava tão emocionada que sabia que tinha de se acalmar, mas só queria abrir os braços e gritar ao mundo: Estou apaixonada por Salman al Saqr e ele também me ama!

Só de pensar nisso, apressou o passo e sentiu problemas de consciência. Na verdade, não lhe dissera que a amava. Nem sequer quando lhe dissera que o amava naquela manhã, quando estava com ele na cama, tão feliz e saciada que não conseguira continuar a conter-se. Há vários dias que queria dizer-lho.

Três semanas. Há três semanas, encontrara-o na rua. Ela acabara de sair da universidade, depois de acabar os exames finais. Crescera com ele, mas tinham estado anos sem se ver e a reação ao encontrar o amor da sua vida fora sísmica. Era ainda mais bonito do que o habitual. Porque se tornara um homem. Alto, forte e poderoso.

Salman abraçara-a com força e olhara para ela com os olhos brilhantes. Depois, de repente, franzira o sobrolho, semicerrara os olhos e dissera, com incredulidade:

– Jamilah?

Ela assentira, com o coração acelerado e uma onda de calor a percorrer-lhe o corpo. Sonhara durante tanto tempo com Salman…

Tinham ido beber um café. E depois, quando chegara a hora de se despedirem, Jamilah sentira-se como se lhe arrancassem o coração. Então, Salman perguntara:

– Queres jantar comigo esta noite?

E aquele fora o princípio das três semanas mais mágicas da sua vida. Aceitara rapidamente. Demasiado depressa. Fez uma careta ao perceber a realidade. Devia ter-se mostrado mais fria, mais sofisticada, mas isso teria sido impossível, depois de tantos anos a fantasiar com ele. Apaixonara-se por ele quando era ainda criança. Como adolescente, transformara-se na sua obsessão e, já adulta, desejava-o.

Nesse primeiro fim de semana, Salman levara-a para o seu apartamento e fizera amor com ela pela primeira vez… e, naquele momento, ainda sentia calor na barriga e corava quando se lembrava.

Abanou a cabeça e continuou a andar. Naquele momento, ia para casa de Salman, para lhe fazer o jantar. Na verdade, ele não a convidara naquela noite. Na verdade, naquela manhã estivera muito calado, mas Jamilah esperava que, quando a visse e descobrisse as provisões deliciosas que comprara, esboçasse o seu sorriso sensual e a deixasse entrar.

Enquanto esperava para atravessar a rua onde se situava o seu edifício impressionante do século XVIII, Jamilah pensou em como Samal parecia sério às vezes, sempre que mencionava Merkazad, onde ambos tinham nascido, ou o seu irmão mais velho, o xeque Nadim, que governava o país.

Salman sempre tivera uma personalidade séria, mas não intimidante. Desde que se lembrava, dera-se bem com ele e nunca questionara que fosse um solitário e não tivesse o mesmo dom de lidar com os outros que o seu irmão tinha. No entanto, durante as últimas semanas, Jamilah aprendera a evitar falar de Nadim ou de Merkazad.

Supostamente, ela voltaria para o seu país natal dentro de uma semana, mas, naquela noite, ia dizer a Salman que, se ele quisesse que ela ficasse em Paris, ficaria. Não o planeara, mas todo o seu mundo mudara desde que o encontrara.

Chegou à porta ornamentada do edifício de Salman, que vivia no último andar, num apartamento impressionante. O porteiro aproximou-se para a cumprimentar, muito sorridente, mas mudou de expressão e perguntou:

Excusez-moi, mademoiselle, mas o xeque espera-a esta noite?

Jamilah achou estranho que o tratasse por xeque. Quase se esquecera de que Salman era o segundo na linha de sucessão do seu país, depois do irmão Nadim. Merkazad era um pequeno território independente da península arábica, pertencente ao país Al-Omar. Fora lá que nascera a sua mãe e para onde Jamilah fora levada depois de ter nascido em Paris. O seu pai, de nacionalidade francesa, fora conselheiro do pai de Salman.

Jamilah sorriu de orelha a orelha e levantou os sacos que tinha nas mãos.

– Vou fazer-lhe o jantar.

O porteiro retribuiu o sorriso, mas parecia incomodado e Jamilah sentiu um calafrio enquanto subia no elevador. Quando parou e as portas se abriram, a sensação de desassossego aumentou, sobretudo ao ver que a porta do seu apartamento estava entreaberta e que, ao empurrá-la, ouvia uma mulher a rir.

Jamilah demorou alguns segundos a entender a cena que tinha à sua frente. Salman estava com a cabeça inclinada, prestes a beijar uma mulher ruiva, linda, que estava a abraçá-lo. De repente, Jamilah sentiu-se incomodada, com as suas calças de ganga e a sua t-shirt.

Viu-os a beijarem-se e Salman abraçou a mulher pela cintura. Tal como a abraçara a ela. Jamilah pensou que devia ter feito algum barulho, mas só mais tarde é que se apercebeu de que deixara cair os sacos das compras.

Salman interrompeu o beijo e olhou à sua volta, mas sem afastar as mãos da outra mulher, que também estava a olhar para ela, com os olhos verdes brilhantes, zangada pela interrupção.

Jamilah estava tão surpreendida que não reparou no cabelo grosso de Salman, que estava despenteado, nem na intensidade com que os seus olhos brilhavam, sempre cheios de sombras e segredos. Nem na linha dura do seu queixo ou nas suas maçãs do rosto perfeitamente esculpidas.

Atordoada, ficou onde estava e viu como Salman dizia alguma coisa à outra mulher em voz baixa, que protestou antes de se afastar e pegar na sua mala e no seu casaco.

Passou ao lado de Jamilah antes de sair, deixan do para trás uma nuvem de perfume, e disse:

À plus tard, chéri.

Até mais tarde, querido.

A porta fechou-se atrás de Jamilah e ela começou a reagir. Salman estava a olhar para ela, com as mãos na cintura, vestido com um fato escuro, camisa branca e gravata. Era a primeira vez que o via assim vestido e dava-lhe um ar muito severo. Jamilah sabia que era analista de investimentos, mas nunca lhe falara do seu trabalho. Ela apercebeu-se de que, na verdade, não falara de nada pessoal com ela, só a seduzira.

Jamilah percebeu que as pernas começavam a tremer-lhe, mas antes de ter tempo de falar, Salman adiantou-se.

– Não esperava ver-te esta noite. Não tínhamos combinado nada.

Também não tinham combinado que virasse a sua vida de pernas para o ar em apenas três semanas! O cérebro atordoado de Jamilah tentou relacionar aquele estranho distante e frio com o homem que fizera amor com ela há menos de doze horas. O mesmo homem que lhe sussurrara palavras carinhosas ao ouvido enquanto a penetrava e ela arqueava as costas e gritava de prazer, cravando-lhe as unhas no rabo.

Tentou afastar todas aquelas imagens da sua mente e sentiu vontade de chorar.

– Eu… queria fazer-te uma surpresa. Ia fazer-te o jantar…

Jamilah baixou o olhar e viu o desastre. Os ovos tinham-se partido no chão. Uma garrafa de vinho, que felizmente continuava inteira, estava deitada. Ela voltou a levantar a cabeça ao ouvir o que Salman dizia:

– Não podes aparecer quando te apetece, Jamilah.

E, de repente, aquilo fez com que o seu instinto de sobrevivência aparecesse e a obrigasse a erguer o queixo.

– É óbvio que não teria vindo se soubesse que estavas… ocupado – respondeu. – Estavas…? Estavas com ela e comigo ao mesmo tempo?

Salman abanou a cabeça. Parecia impaciente.

– Não.

– Então, é evidente que começaste a vê-la agora. Está claro que te fartaste de mim. Três semanas devem ser o teu limite.

Jamilah não conseguiu evitar sentir-se destroçada. Só conseguia pensar que despira o seu coração e a sua alma à frente daquele homem. Dissera-lhe que o amava, que sempre o amara, num tom rouco.

E ele sorrira e replicara:

– Não sejas ridícula. Quase não me conheces.

– Conheço-te há anos – replicara ela, com orgulho. – E sei que te amo.

Então, ele afastara-se e começara a responder com monossílabos. Jamilah entendeu naquele momento.

– O que esperavas exatamente, Jamilah? – perguntou-lhe ele.

Jamilah controlou a emoção.

– Nada – respondeu. – Teria sido uma estupidez esperar alguma coisa, não é? Tu já viraste a página. Nem sequer ias dizer-me?

Salman cerrou os dentes.

– O que querias que te dissesse? Tivemos uma aventura maravilhosa. Tu vais voltar para Merkazad dentro de uma semana e, é óbvio, eu vou continuar com a minha vida.

Jamilah sentiu-se como se estivesse a morrer por dentro, como se lhe tivessem batido. Aquele homem fora o seu primeiro amante e chamar «aventura» ao que tinham tido tirava valor ao presente da sua inocência.

Salman franziu o sobrolho e deu um passo à frente.

– Vais voltar para Merkazad, não vais? – perguntou-lhe, antes de praguejar em árabe. – Esperavas outra coisa?

Segundo parecia, a expressão de Jamilah devia tê-la traído, porque o ouviu acrescentar:

– Eu não te prometi nada. Nunca fiz nada que te fizesse esperar mais ou fiz?

Ela abanou a cabeça como se fosse um robô. Não, não fizera. Jamilah teve de fazer um esforço enorme para se manter em pé. Salman não podia saber como estava a magoá-la. Ela brincara com fogo e queimara-se. Todos os dias que passara com ele tinham sido emocionantes, mágicos, mas não lhe prometera nada. Naquele momento, Jamilah só queria ir-se embora e enrolar-se, longe de ali, onde pudesse amaldiçoar-se por ter sido tão ingénua. Mas não conseguia mexer-se.

Salman observou a mulher que tinha à sua frente. Há tanto tempo que se obrigava a não sentir emoções que, naquele momento, quase não as reconheceu. Sentiu uma dor forte no peito, mas fê-lo recuar. Durante as três últimas semanas, desfrutara muito e chegara a pensar que talvez não estivesse condenado, como sempre pensara. Ao encontrar Jamilah, ao voltar a vê-la, tão bonita, abrira-se alguma coisa no seu interior. Por um segundo, tivera a desfaçatez de pensar que um pouco daquela bondade inata que ela possuía podia ter passado para ele.

Quando a vira a atravessar a rua há alguns minutos, tão sorridente, apercebera-se de que o que lhe dissera naquela manhã era verdade, estava apaixonada por ele. Salman tentara não pensar nisso durante todo o dia, tentara convencer-se de que não era verdade, tentara ignorar a sensação incómoda de culpa e responsabilidade.

Ao vê-la a aproximar-se da sua casa sentira-se como se tivesse uma borboleta delicada nas mãos. Não conseguia evitar esmagá-la, mesmo que quisesse proteger a sua beleza frágil.

Eloise, a sua colega, que o tinha acompanhado a casa com o pretexto de ir buscar um documento, aproximara-se dele no momento perfeito. A sua sensualidade, confiante e excessivamente desenvolvida, contrastava com a subtileza de Jamilah. Ele soubera que tinha de a deixar ir e, por isso, assegurara-se de que deixava claro que a sua relação terminara. Sabia que ia esmagar a borboleta, mas não tinha escolha. Não podia oferecer-lhe nada senão uma alma cheia de segredos escuros. Ele não podia amar.

Por um instante, ficou em silêncio, olhou para ela até fazer com que ela se sentisse mal. Por um segundo, Jamilah pensou ver arrependimento nos seus olhos. Até ele voltar a falar e lhe partir o coração em dois.

– Sabia que estavas a caminho. O porteiro avisou-me – confessou, encolhendo os ombros. – Podia não ter beijado Eloise, mas preferi deixar que visses, que descobrisses o tipo de pessoa que sou realmente. Nunca devia ter-te seduzido. Foi uma fraqueza fazê-lo.

Jamilah percebeu tudo. O que Salman queria dizer-lhe era que fora muito fácil seduzi-la.

– Devias ir-te embora. Suponho que tens de preparar muitas coisas antes de voltar para Merkazad. Acredita em mim, Jamilah, não sou o tipo de homem que pode dar-te o que tu queres. Sou muito retorcido, não um cavalheiro capaz de te fazer viver um sonho romântico. A nossa relação acabou. Esta noite vou sair com Eloise e vou seguir em frente com a minha vida. E sugiro que tu faças o mesmo.

– Pensei que éramos amigos… pensei… – balbuciou ela, atordoada.

– O quê? – replicou Salman. – Que íamos ser amigos para toda a vida só porque crescemos no mesmo lugar e passámos tempo juntos?

Jamilah pensou que o melhor era não responder àquilo, mas não conseguiu evitar fazê-lo.

– Era mais do que isso… A nossa relação era diferente. Falavas comigo, passavas tempo comigo e não o fazias com mais ninguém… Estas três últimas semanas… Pensei que o que sempre tínhamos partilhado estava a transformar-se em…

Salman fê-la calar-se com o seu olhar frio.

– Durante anos, seguiste-me como um cachorrinho e eu não tive coragem de te dizer para me deixares em paz. Durante estas três últimas semanas, só tivemos sexo. Transformaste-te numa mulher muito bela e desejei-te. Nem mais nem menos.

Era só isso.

– Não digas mais nada. Entendi a mensagem. É evidente que já não tens coração. És um desgraçado.

– Sou, sim – admitiu ele.

Jamilah conseguiu finalmente mexer-se, virou-se para se ir embora e tropeçou nos sacos que tinham caído ao chão. Nem sequer tentou apanhá-los.

Estava à porta quando ouviu Salman a dizer, com cinismo:

– Cumprimenta o meu querido irmão e Merkazad da minha parte. Não tenciono ir visitá-los.

Jamilah abriu a porta e saiu. Não olhou para trás.

Há um ano

A celebração do aniversário do sultão de Al-Omar era tão deslumbrante como sempre. Tinha lugar no palácio Hussein, no coração da magnífica metrópole de B’harani, na costa da península arábica, a cerca de duas horas da montanhosa Merkazad.

Um dos assessores do sultão passara anos atrás de Jamilah que, finalmente, cedera e decidira ir à festa naquele ano. Naquele momento, tinha um nó no estômago porque sabia que só aceitara o convite porque Salman ia estar lá.

Todos os anos, os jornais sensacionalistas publicavam fotografias dele com alguma mulher muito bela. Salman ia sempre à festa sozinho, mas saía bem acompanhado.

O seu acompanhante afastara-se dela por um instante e Jamilah estava sozinha no salão de baile. Era a primeira noite de celebrações, portanto, supostamente, só estariam presentes os familiares e os amigos mais íntimos do sultão, mas havia cerca de duzentas pessoas na sala.

Jamilah sentiu um formigueiro na pele e arrependeu-se de ter tomado uma decisão tão precipitada. Fizera-o porque, desde que vira Salman pela última vez em Paris, não conseguira esquecê-lo e até começara a sonhar com ele. Sonhava que tinha seis anos e estava à frente da sepultura dos seus pais, então, Salman aproximava-se e dava-lhe a mão, transmitindo-lhe uma força tão palpável que não conseguia esquecê-la.

Sabia que era ridículo, mas apaixonara-se por ele nesse momento e, apesar de saber que esse amor infantil nunca se transformaria num amor adulto, não conseguia evitar sentir um aperto no coração cada vez que se recordava.

Não podia continuar assim e esperava, indo à festa e vendo Salman a comportar-se como um playboy, sentir nojo e conseguir continuar com a sua vida.

Imaginou-se a cumprimentá-lo com surpresa fingida. Perguntar-lhe-ia como estava e fingiria aborrecer-se enquanto ouvia a sua resposta. Depois, afastar-se-ia e esquecê-lo-ia. E ele teria a certeza de que a sua breve aventura não significava nada para ela.

Mas não aconteceu assim. Estava a sair do salão de baile, distraída, a olhar para a sua mala, quando viu um homem alto, forte e moreno vestido de smoking. Quase o chamou, pensando que se tratava do irmão de Salman, Nadim. Ambos eram altos e fortes. Então, Jamilah apercebeu-se do seu erro, mas não conseguiu evitar dar um grito abafado.

Ele tinha franzido o sobrolho ao vê-la e percorrera-a dos pés à cabeça com o olhar.

– Jamilah… Encontramo-nos finalmente. Perguntava-me se estavas a evitar-me.

Ela recordou imediatamente aquela tarde fatídica em Paris, no seu apartamento. E lutou para manter a compostura, agradecida por vestir um vestido de marca e por estar muito bem maquilhada. Obrigou-se a dirigir-se para ele pelo corredor vazio para passar ao seu lado sem parar, mas Salman agarrou-a pelo braço.

Ela olhara para ele, com o seu coração traiçoeiro acelerado.

– Não sejas ridículo, Salman. Porque havia de querer evitar-te?

Uma voz no seu interior respondeu: «Porque te partiu o coração e nunca conseguiste perdoar-lhe.»

– Porque é a primeira vez que te vejo na festa de aniversário do sultão – respondeu ele, olhando para ela com dureza.

Jamilah escapou dele.